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31 de jul. de 2013

Dias epagomenais 3 - Set

Terceiro dia epagomenal, "Ele que é poderoso de coração", aniversário de Set, o Senhor Vermelho, Poderoso da voz de Trovão, Causador de Tempestades, Rei do Deserto, Matador de Apep (e meu Pai).

Heka de proteção pelo caminho de Sha  
(de Tamara Siuda, traduzido por Tanakhtsenu)


"Cuidado, preste atenção isfet!
Aquele que está me observando me protege.
O animal de Set espera para te capturar!"

30 de jul. de 2013

Dias epagomenais 2 - Heru-wer

Hoje é o segundo dia epagomenal, aniversário de Heru-wer, "Ele que é forte de Coração.".

Prece a Heru-wer (traduzida por Tanakhtsenu, de autoria de Temwaenbast)

Louvado sejas, Falcão de plumagem pintada - cobre-me com tuas asas,
Louvor a Vós, Senhor do Terror - afaste os meus inimigos com força,
Louvor a Vós, Heru de Edfu - me abrace como farias com Tua esposa,
Louvado sejas, Quebrador de Ossos - esmague isfet, mantendo-me intacta.


29 de jul. de 2013

Dias epagomenais 1 - Wesir


Hoje, primeiro dia dos epagnomenais, chamado de " O touro puro em seu campo". Aniversário de Wesir, o grande Senhor do Duat. 



Hino a Wesir da Tumba de Kheruef (traduzido por Tanakht)


Louvores a Wesir, beijando a terra para Wennefer, pelo nobre, o prefeito, único amigo do Senhor das Duas Terras, confiado pelo Bom Deus, escriba real, real-chefe arauto, administrador da grande esposa real, Kheruef, vindicado , que diz:
Salve a ti, Senhor da Terra Sagrada,
Com os dois chifres, exaltados na coroa- atef.
Grandemente temido, mestre da eternidade,
Senhor de Ma'at, regozijando-se em sua majestade.
Confortável sobre o grande trono,
O que os deuses elogiam quando vêem.
Para quem aqueles que estão no submundo vem saudar,
E [o povo do Sol ajoelha-se com] testas no chão.
Que o teu coração alegre-se em teu reinado,
Teu reinado assegura o trono para teu filho,
Heru, o teu sucessor na terra,
Depois que ele tomou as Duas Terras em triunfo.
O escriba real, supervisor dos bens, Kheruef, vindicado, diz:
Salve a ti, Wennefer,
Filho de Nut, herdeiro de Geb.
Magnífico e majestoso
Nos corações da humanidade,deuses, os remidos, e os mortos.
Aquele que inspira medo em Busíris,
Poderoso em Abydos.
Deixe-me ir e vir entre os justos
Que estão entre os seguidores de sua Majestade:
E deixe-me banquetear com as oferendas de tua mesa de ofertas
Como é costume de cada dia.

15 de jul. de 2013

30 Dias de Paganismo - Dia 09 - Crenças:Ancestrais


A devoção aos ancestrais é parte da prática kemética ortodoxa. Reverenciar os que vieram antes de nós e já partiram mostra respeito e sintonia com o ciclo natural da vida. Isso não significa que praticamos necromancia, invocações bizarras ou fazemos as múmias se levantarem dos sarcófagos – isso, só nos filmes.

Inicialmente, é preciso compreender alguns conceitos. Devoção não é culto – é homenagem. Nenhum de nós se dirige para seus ancestrais como faria para os deuses. Homenageamos relembrando seus nomes, ofertando água para refrescar seus kau, acendendo incensos/velas, oferecendo algo que era de seu agrado quando viviam. Por exemplo, conheço um kemético cuja bisavó tinha suspiros como seu doce favorito, e essa será sua oferenda para ela.
O contato com os ancestrais está além de ser uma obrigação religiosa, está inserido no cotidiano. Todo mês, o 6º dia do calendário lhes é dedicado. Na prática particular de cada kemético, devemos pelo menos uma vez na semana praticarmos a devoção a eles.
 O Duat é o reino dos que já partiram, mas isso não significa que eles estão lá sem poder vir aqui novamente. Nossos ancestrais podem vir e vem nos visitar, observar, conviver não somente em uma data especial, mas em qualquer momento. Muitos de nós podemos percebe-los de diferentes maneiras, seja vendo, ouvindo ou sentindo suas energias. Alguns de nós tem sonhos com eles.
            Dando mais uma olhada em conceitos, de acordo com fontes como o Livro dos Mortos, seriam 7 (para alguns autores, 9) partes que compõem o ser humano para nós keméticos. Teríamos o espírito(ka), a alma(ba), o nome(ren), a sombra (kaibit), o corpo (kat), o coração (ib), a força vital (sekhem). Cada um destas partes tem um destino após a morte – o ib é pesado no Julgamento e as consequências são recebidas diretamente pelo ka. Caso o coração seja mais pesado que a pena de Ma’at, Ammit devora o coração e o ka se extingue – é a segunda morte. 
Correndo tudo certo, o ka justificado, agora chamado de akh (no plural akhu) ganha o direito de continuar vivendo no reino de Wesir. 

            Esta não é uma relação onde o medo tenha lugar pois um akh é alguém querido por nós. Um pai, uma avó, um vizinho atencioso, a mãe de um amigo, um herói do nosso país, um irmão de nossa fé, um faraó – todos estes são exemplos de akhu. Se alguém não teve uma boa relação com uma pessoa viva, não deve entretanto sentir-se obrigado a honrar esta pessoa. Ser hipócrita é praticar isfet – e como keméticos queremos o mínimo possível de isfet em nossas vidas. Porém, se a pessoa sentir vontade de honrar seu ancestral mesmo assim, é algo pessoal e ninguém tem o direito de julgar esta pessoa por isso.
Akh
            Muitos dos que chegam a Ortodoxia Kemética tem algum tipo de pré-conceito ou resistência a este contato, muitas vezes sem se darem conta. A cultura e a sociedade em que a maioria de nós está inserido faz “cara feia”, menospreza e/ou estabelece uma abordagem de medo e castigos com relação aos mortos. A morte é feia e má, e os que partiram estarão para sempre longe de nós – de acordo com este ponto-de-vista. Felizmente, as coisas não são assim e, para nosso alívio e dos akhu, estar na Ortodoxia Kemética alimenta o ka de todos com paz e boas relações que não se partem, mas se fortalecem.