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22 de abr. de 2012

Eu não destruí meu coração

Em hotep!
Gosto de compartilhar, especialmente aquilo que é interessante.
Aí, por uma feliz casualidade do destino, a autora deste texto o enviou para meu e-mail. Conversamos a respeito e pedi para para publicar aqui, no que ela concordou (o que me deixou muito feliz e agradecida). Seu blog, se alguém quiser visitar, o http://garota.delicada.zip.net/,  é um misto de diário mágico e escritos pessoais. Enjoy! 



"Eu Não Destruí Meu Coração"

"Eu não destruí meu coração.
Eu não fiz o mal."


     No Antigo Egito, após sua morte, uma pessoa deveria declamar as 42 Confissões Negativas de Ma'at antes que seu coração fosse posto em uma balança, para ter seu peso comparado com a Pena da Verdade de Ma'at. Caso suas palavras fossem vãs, o morto teria sua alma devorada e devolvida ao estado inicial de caos. Porém, caso seu coração fosse leve e suas palavras, honestas, a pessoa em questão desfrutaria de descanso e paz antes de retornar ao mundo dos vivos. Embora constituídas por muitos princípios compreensíveis - como não roubar, não matar, não cometer adultério e não mentir - há, porém, alguns que requerem grande interpretação e tempo para poderem ser assimilados. De qualquer forma, meu intuito hoje não é falar diretamento do aspecto histórico ou mesmo religioso das Confissões, mas, sim, de sua vivência. Viver em Ma'at não é diretamente um conceito pagão. É uma questão ética. Não se trata se seguir dogmas ou preceitos extremos, mas, sim, de viver em harmonia com o mundo, com os deuses (todos eles, sejam os egípcios, nórdicos, gregos, indianos, africanos e até mesmo o Senhor dos cristãos) e consigo mesma.
           Ao meu ver, as 42 Confissões podem se resumir em:

"Eu não destruí meu coração.
Eu não fiz o mal."

          São palavras simples, mas um significado gigantesco.
         Não há nada pior do que a maldade - falta de amor. As pessoas más sentem medo do amor. Não pode haver outra explicação. Nos dias atuais a falta de amor pode ser vista como uma epidemia. E não me refiro à falta de amor romântico, mas sim, à falta do amor incondicional. O amor entre os iguais e diferentes, o amor dentro de uma família, o amor próprio.
         O amor não se traduz em palavras. Ele é a soma de ações. O amor requer lutas e tempo. Porém, o amor é mais do que batalhas. É alegria, confiança plena e acima de tudo, respeito. O respeito é a base de toda relação, seja ela social, amorosa ou familiar. Infelizmente, precisamos lidar com pessoas que desconhecem o sentido dessa palavra. A arrogância, a ignorância e a falta de educação situam-se como as principais formas de desrespeito. Antes, eu costumava me magoar com extrema facilidade e muitas vezes, sentia revolta em meu coração. Quando passei a realmente refletir sobre as situações, percebi que não vale a pena. Não devemos destruir nossos corações com revolta por pessoas fracas - a ignorância é a máscara da fraqueza - ou mesmo gastar nossas energias lutando batalhas perdidas. Obviamente, isso não quer dizer que devemos nos fechar para o mundo. Estarmos aqui, firmes, prontas para devolver rosas aos que nos apedrejaram e abraçar os que nos deram as costas, faz toda a diferença. Na nossa vida e na vida dessas pessoas. Talvez demore. Talvez não aconteça. Mas, no final, o que realmente vale é saber que o certo foi feito.
            A vida é feita de infinitos obstáculos. Lidamos com pedras diariamente. Embora o chão seja seco, devemos espalhar sempre as sementes da bondade. Com sorte, ao lado de alguma pedra, uma árvore poderá brotar.